Welcome


OS POEMAS SÃO PÁSSAROS



OS POEMAS SÃO PÁSSAROS

QUE CHEGAM, NÃO SE SABE DE ONDE,

E POUSAM NO LIVRO QUE LÊS.


QUANDO FECHAS O LIVRO,

ELES ALÇAM VÔO COMO DE UM ALÇAPÃO.


ELES NÃO TÊM POUSO NEM

PORTO.

ALIMENTAM-SE UM INSTANTE

EM CADA PAR DE MÃOS E PARTEM.


E OLHAS, ENTÃO, ESTAS TUAS MÃOS VAZIAS

NA MARAVILHA DO ESPANTO DE SABERES

QUE O ALIMENTO DELES JÁ ESTAVA

EM TI...

(Mário Quintana)



SEJAM BEM-VINDOS AO CELEIRO LITERÁRIO!!!



VISITEM, TAMBÉM, MEU CANAL NO YouTubeMarta7304





CELEIRO LITERÁRIO

sábado, 15 de janeiro de 2011

AMOR MADURO (Artur da Távola)


O amor maduro não é menor em intensidade.
Ele é apenas silencioso.
Não é menor em extensão.
É mais definido, colorido e poetizado.
Não carece de demonstrações:
presenteia com a verdade do sentimento.
Não precisa de presenças exigidas:
amplia-se com as ausências significantes.

O amor maduro tem e quer problemas, sim, como tudo.
Mas vive dos problemas da felicidade.
Problemas da felicidade são formas trabalhosas de construir o bem e o prazer.
 Problemas da infelicidade não interessam ao amor maduro.
Na felicidade está o encontro de peles,
o ficar com o gosto da boca e do cheiro,
está a compreensão antecipada,
a adivinhação,
o presente de valor interior,
a emoção vivida em conjunto,
os discursos silenciosos da percepção,
o prazer de conviver,
o equilibrio de carne e de espírito.

O amor maduro é a valorização do melhor do outro
e a relação com a parte salva de cada pessoa.
Ele vive do que não morreu
mesmo tendo ficado para depois.
 Vive do que fermentou
criando dimensões novas para sentimentos antigos,
jardins abandonados, cheios de sementes.

Ele não pede... tem.
 Não reivindica... consegue.
Não percebe... recebe.
Não exige... dá.
pergunta... adivinha.
Existe para fazer feliz.

O amor maduro cresce na verdade
e se esconde a cada auto-ilusão.
Basta-se com o todo do pouco.
Não precisa e nem quer nada do muito.
Está relacionado com a vida e sua incompletude,
por isso é pleno em cada ninharia
por ele transformada em paraíso.

É feito de compreensão, música e mistério.
É a forma sublime de ser adulto
e a forma adulta de ser sublime e criança.

É o sol de outono
nítido mas doce...,
luminoso, sem ofuscar...,
mas definido...,
discreto mas certo.

Um Sol que aquece até queimar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Total de visualizações de página