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OS POEMAS SÃO PÁSSAROS



OS POEMAS SÃO PÁSSAROS

QUE CHEGAM, NÃO SE SABE DE ONDE,

E POUSAM NO LIVRO QUE LÊS.


QUANDO FECHAS O LIVRO,

ELES ALÇAM VÔO COMO DE UM ALÇAPÃO.


ELES NÃO TÊM POUSO NEM

PORTO.

ALIMENTAM-SE UM INSTANTE

EM CADA PAR DE MÃOS E PARTEM.


E OLHAS, ENTÃO, ESTAS TUAS MÃOS VAZIAS

NA MARAVILHA DO ESPANTO DE SABERES

QUE O ALIMENTO DELES JÁ ESTAVA

EM TI...

(Mário Quintana)



SEJAM BEM-VINDOS AO CELEIRO LITERÁRIO!!!



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CELEIRO LITERÁRIO

domingo, 30 de janeiro de 2011

... PAIXÃO! Par perfeito: (Blandine)

Pela amizade que você me devota!
Por meus defeitos que você nem nota...
Por meus valores que você aumenta.
Por minha fé que você alimenta...
Por esta paz que nós nos transmitimos.
Por este pão de amor que repartimos...
Pelo silêncio que diz quase tudo.
Por este olhar que me reprova, mudo...
Pela pureza dos seus sentimentos.
Pela presença em todos os momentos...
Por ser presente, mesmo quando ausente.
Por ser feliz quando me vê contente...
Por este olhar que diz: “Amiga, vá em frente!“
Por ficar triste, quando estou tristonha.
Por rir comigo quando estou risonha...
Por repreender-me, quando estou errada.
Por meu segredo, sempre bem guardado...
Por seu segredo, que só eu conheço,
e por achar que apenas eu mereço...
Por me apontar pra DEUS a todo o instante.
Por esse amor fraterno tão constante...
Por tudo isso e muito mais eu digo:
DEUS abençoe esta pessoa tão especial na minha vida!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

CAPIBA - SONETO DA FIDELIDA(TOM JOBIM/VINICIUS DE MORAES)




Músico e compositor, Lourenço da Fonseca Barbosa, o conhecido Capiba, nasceu no município de Surubim, a 28 de outubro de 1904. De uma família de músicos, seu pai era maestro da banda municipal.

O mais conhecido compositor de frevos do Brasil. Aos 08 anos de idade já tocava trompa e ainda criança muda-se, com a família, para o Recife. Em seguida, vai morar no estado da Paraíba (primeiro na cidade de Taperoá, depois Campina Grande e João Pessoa), onde toca piano em cinemas.

Aos 20 anos de idade, grava o primeiro disco (gravação particular), com a valsa "Meu Destino". Em 1930, volta a morar no Recife e, aprovado em concurso, torna-se funcionário do Banco do Brasil. Em 1938, termina o curso de Direito, mas nunca apanharia o diploma.

Também no Recife (onde morou a maior parte da vida), funda a Jazz Band Acadêmica e, com Hermeto Pascoal e Sivuca, funda o trio "O Mundo Pegando Fogo".

Autor de mais de 200 canções, não apenas frevo, como também outros vários gêneros: de samba à música erudita. Entre os seus sucessos, estão: "Maria Batânia" (canção); "A Mesma Rosa Amarela" (samba); "Serenata Suburbana" (guarânia); "Verde Mar de Navegar" (maracatu) e vários outros. No gênero frevo, compôs mais de cem canções.

Também musicou poemas de Carlos Drummond de Andrade, Vinício de Morais e outros poetas brasileiros. Morreu no Recife, a 31-12-1997, de infecção generalizada, depois de passar dez dias na UTI de um hospital.

Uma de suas canções carnavalescas mais famosas ("É de Amargar") foi vencedora de um festival de frevo em Pernambuco, em 1934. Entre outros prêmios, em 1967 conquistou o 5° lugar no Segundo Festival Internacional da Canção, com a música "São do Norte os que Vêm".

Suas principais composições:
Valsa Verde (1931); É de Tororó (maracatu, 1932); É de Amargar (frevo, 1934); Quem Vai Pro Faró é o Bonde de Olinda (frevo, 1937); Guerreiro de Cabinda (maracatu, 1938); Gosto de te Ver Cantando (frevo, 1940); Linda Flor da Madrugada (frevo, 1941); Quem Dera (frevo, 1942); Maria Betânia (canção, 1944); Não Agüento Mais (frevo, 1945); Que Bom Vai Ser (frevo, 1945); E...Nada Mais (frevo, 1947); É Luanda (maracatu, 1949); Olinda Cidade Eterna (samba, 1950); Recife Cidade Lendária (samba, 1950); É Frevo, Meu Bem (1951); A Pisada É Essa (frevo, 1952); Trem de Ferro (moda, com versos de Manuel Bandeira, 1953); Soneto de Fidelidade (com Vinícius de Morais, 1955); Serenata Suburbana (valsa, 1955); Nação Nagô (maracatu, 1957); O Mais Querido (marcha-exaltação, 1957); Sino Claro Sino (canção, 1958); A Mesma Rosa Amarela (samba, 1960); Cantiga do Mundo e do Amor (canção, com Ariano Suassuna, 1962); Frevo da Saudade (1962); Madeira que Cupim não Rói (frevo, 1963); O Anel Que Tu Me Deste (frevo, 1965); Cala a Boca Menino (frevo, 1966); São do Norte os Que Vêm (baião, 1967); Europa França e Bahia (frevo, 1968); Oh, Bela (frevo, 1970); Sem Lei nem Rei (toada, 1970); De Chapéu de Sol Aberto (frevo, 1972); Frevo e Ciranda (frevo, 1974); Rei de Aruanda (maracatu, 1974); Juventude Dourada (frevo, 1975); Desesperada Solidão (canção, 1983).

SONETO DA FIDELIDADE

Composição: Tom Jobim / Vinícius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure





A BLESSING IRLANDESA

May the Blessing of Light be upon you, light on the outside, light on the inside. With God's sunlight shining on you, may your heart glow with warmth, like a turf fire that welcomes friends and strangers alike. May the light of the Lord shine from your eyes, like a candle in the window, welcoming the weary traveler. May the blessing of God's soft rain be on you, falling gently on your head, refreshing your soul with the sweetness of little flowers newly blooming. May the strength of the winds of heaven bless you, carrying the rain to wash your spirit clean, sparkling after in the sunlight. May the blessing of God's earth be on you, and as you walk the roads, may you always have a kind word for those you meet. May you understand the strength and power of God in a thunderstorm in winter, and the quiet beauty of creation, and the calm of a summer sunset. And may you come to realize that insignificant as you may seem in this great universe, you are an important part of God's plan. May He watch over you, and keep you safe from harm.
TRADUÇÃO
Uma Benção Irlandesa
~* May the blessing of light be upon you *~

Espero que a Bênção de Luz caia sobre você
Iluminando o seu exterior, iluminando o seu interior
Com a luz do sol de Deus brilhando em você
Espero que seu coração brilhe com afetuosidade
Como a fogueira que dá as boas vindas aos amigos e estranhos
Espero que a Luz do Senhor brilhe dos seus olhos
Como a vela na janela
Dando as boas vindas ao viajante cansado
Espero que a bênção da suave chuva de Deus caia em você,
Caindo gentilmente sobre sua cabeça
Refrescando sua alma com a doçura de pequenas flores
recentemente floridas
Espero que a força dos ventos do paraíso o abençoe
Carregando a chuva para lavar seu limpo espírito
Brilhando depois na luz do sol
Espero que a bênção do mundo de Deus caia sobre você
Enquanto você caminha pelas estradas
Que você sempre tenha uma palavra gentil para aqueles
que você encontrar.
Que você entenda a força e o poder de Deus na
tempestade e inverno
e a silenciosa beleza da criação
e o calmo crepúsculo do verão
E que você possa reconhecer
quão insignificante você parece neste grande universo
Você É Uma importante parte
do plano de Deus
Que Ele o observa
e o mantém seguro do perigo
~ may your heart glow with love ~

A CARTA DE SETH (Filme: Cidade dos Anjos)



Sou feito de sentimentos, emoções, de luz, de amor.
Sou a voz que você ouve quando pede um conselho,
sou quem te toma nos braços quando necessita,
talvez, agora, enquanto lê essas palavras, eu esteja aí, ao seu lado,
olhando dentro dos seus olhos como quem quisesse enxergar
o que teu coração demonstra,
mais tarde… à noite, quando você se deita…
sou quem nina seus sonhos sentado ao seu lado
esperando você dormir… dizendo que tudo vai ficar bem.
Se ao menos você pudesse me perceber,
se notasse o que sinto ao seu lado…
basta você querer,
basta por alguns instantes esquecer seus problemas,
fechar os olhos, como se nada mais existisse,
me deixe chegar perto de ti… te abraçando…
sinta meu coração batendo ao compasso do teu…
sinta que não está sozinha, nunca esteve!
Apenas esqueceste de olhar mais com os olhos do teu coração…
então abra os olhos… veja os meus… me conheça.
Quem sou eu pra pedir para que me note?
Apenas um anjo que se deixa levar por suas emoções,
que desconhece o que é errado… se entrega, se rende…
vagando por estrelas, nuvens, pelo céu escuro da noite…
olhando pelos outros, despertando amores, anseios,
paz nas almas que fraquejam,
sentado ali de cima olhando você…
te observando… deixando, às vezes, uma lágrima cair
e se fazer uma gota de sereno que te toca os lábios…
lágrima essa por não poder nada mais que apenas te ver…
sentir sem poder tocar.
Manifestando através de pequenas coisas,
como um sorriso sincero nos lábios de alguém que você não conhece,
o toque de uma criança a te fazer carinho,
palavras escritas nas páginas de um livro que te chamam atenção,
palavras que mexem e emocionam o coração ditas do nada,
como um sussurro em seu ouvido…
e se um dia uma brisa leve e suave tocar seu rosto,
não tenha medo,
é apenas minha saudade que te beija em silêncio.
Os humanos têm um hábito muito peculiar
de julgar seus semelhantes por sua aparência,
de rotular pessoas as quais nunca viram…
apenas pelo modo como ela se apresenta…
porém, consigo ver dentro de cada um o que realmente são…
e me assusto algumas vezes em como podem os humanos
deixar-se levarem por embalagens, por invólucros…
deixam de terem muitas vezes ao seu lado verdadeiros tesouros,
amizade sincera, lealdade, companheirismo…
simplesmente por não terem gostado do rosto do indivíduo.
Imagine uma roseira cheia de espinhos,
ninguém acreditaria que dela pudesse brotar uma rosa tão bela,
sensível e delicada
É do interior que nascem as flores.
Pude conhecer seu interior…
me deparei com uma flor linda…
e com muitas qualidades.
Se preserve assim…
muitas vezes é melhor sermos o que realmente somos…
a viver como as pessoas acham que deveríamos ser…
Não existe ninguém melhor, ou pior que ninguém…
apenas diferentes umas das outras e essas diferenças
são que mostram quem realmente você é.
Fico assim… dizendo as coisas que me aparecem dentro do peito,
contando o que se passa em mim, como se estivesse desabafando…
pois Deus nos fez para cuidar dos outros…
e quem cuidará de nós?
Continuarei aqui…
meio que escondido, ao teu lado, te olhando, te sentindo…
esperando para que um dia você deixe seu coração “olhar” e me ver…
daí, enfim, poderia eu mostrar o quanto você é especial pra mim.
Um poema deixado no ar,
palavras implorando para viver como uma estrela que o dia não vê
e que espera a noite chegar para poder mostrar-se,
a canção de amor que sai da sua boca…
são as coisas que sempre sussurro ao seu coração,
tento traduzir emoções que nunca senti antes,
algo realmente novo pra mim,
paz, atração, paixão, amor,
algo especial…
sincero…
verdadeiro.

MEU MEL (Marquinhos Moura)





Fica comigo meu mel
Tire o adeus das mãos
Não me entregue à solidão meu mel
Porque eu preciso de você.
Lembra da nossa canção, dos nossos sonhos enfim,
O que fazer de tantas coisas sem ter você um pedaço bom de mim
Meu mel não diga adeus, eu tenho tanto
Medo, de ficar sem o seu amor
E pra sempre ser um ser só
Não vá, não saia de mim, eu enlouqueço de vez
Chega mais pra eu olhar no seu olhar
E pedir mais uma vez,
Meu mel não diga adeus,
Eu tenho tanto medo de ficar sem o seu amor,
E pra sempre ser um ser só
Fica comigo meu mel
Tira o adeus das mãos
Não me entregue a solidão meu mel você é um pedaço bom de mim
Não me entregue
Você é um pedaço bom de mim.

FRISSON (Tunai e Sergio Natureza)






Meu coração pulou
Você chegou, me deixou assim
Com os pés fora do chão
Pensei: que bom
Parece, enfim, acordei
Pra renovar meu ser
Faltava mesmo chegar você
Assim, sem avisar
Pra acelerar
Um coração que já bate pouco
De tanto procurar por outro
Anda cansado
Mas quando você está do lado
Fica louco de satisfação
Solidão nunca mais
Você caiu do céu
Um anjo lindo que apareceu
Com olhos de cristal
Me enfeitiçou
Eu nunca vi nada igual
De repente
Você surgiu na minha frente
Luz  tão brilhante
Cometa em forma de gente
Invasor do planeta amor
Você me conquistou
Me  olha, me toca
Me faz sentir
Que é hora, agora
Da gente ir
x-x-x-x-x-x

El cielo te envió
Un ángel bueno, una tentación
Mirada criminal
Que me embrujó
Jamás senti nada igual
De repente
Te vi parada justo en frente
Luz tan brillante
Estrella trasformada en gente
La invasora del planeta amor
Robo mí corazón
Mi ángel, mi alma
Me haces sentir
Que es hora, ahora
De ser feliz

VERSOS LIVRES PARA UMA MUSA PRESA (Homenagem a Nelson de Medeiros)

Foi nesta praia, numa tarde amena,
Cheia de encantos, e sutis belezas,
Que esvoaçante,  qual gentil falena,
Tu me juraste teu amor eterno.

O mar trazia deslumbrantes cantos
Que ressoavam acolhedoras liras,
Eram teus versos, de sutis encantos,
Saudades só, que ao triste bardo inspiras.

O vento fresco balançava as flores,
Que indiferentes, perfumavam os ares,
As ondas vinham nos lembrar frescores
Acalentando sonhos milenares...

Foi um minuto, uma existência inteira,
Que eternizou uma paixão infinda,
E essa magia da impressão primeira,
Inda acalenta essa saudade linda.

E eu te vi como te vi na origem,
Por entre estrelas,habitando o céu.
Eras do Olimpo a mais perfeita virgem,
Que eu, perdido, procurava ao léu.

É nesta praia, nesta tarde amena,
Que esta saudade, qual gentil falena,
Traz-me teus versos, evolando flores...
E entre tantas, diz a rosa em segredo:

"Vem poeta, me colher deste degredo,
Para perfumar o jardim de nossas dores."

TUDO QUE SE QUER (Emílio Santiago/Verônica Sabino) versão de All Ask of You (Sara Brightman)

Olha nos meus olhos
Esquece o que passou
Aqui neste momento
Silêncio e sentimento

Sou o teu poeta
Eu sou o teu cantor
Teu rei e teu escravo
Teu rio e tua estrada...

Vem comigo
Meu amado amigo
Nessa noite
Clara de verão
Seja sempre
O meu melhor presente
Seja tudo sempre, como é
É tudo que se quer...

Leve como o vento
Quente como o sol
Em paz na claridade
Sem medo e sem saudade...

Livre como um sonho
Alegre como a luz
Desejo e fantasia
Em plena harmonia...

Eu sou teu homem
Sou teu pai, teu filho
Sou aquele que te tem amor
Sou teu par
Teu melhor amigo
Vou contigo
Seja aonde for
E onde estiver estou...

Vem comigo
Meu amado amigo
Sou teu barco
Neste mar de amor
Sou a vela
Que te leva longe
Da tristeza eu sei
Eu vou
E onde estiver, estou...
E onde estiver, estou!


domingo, 16 de janeiro de 2011

AS SEM RAZÕES DO AMOR (Carlos Drummond de Andrade)

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.


Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

AUSÊNCIA (Carlos Drummond de Andrade)


Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

LIVROS (Castro Alves)


"Bendito é aquele que semeia livros,

livros a mão cheia e manda o povo pensar;

o livro caindo na alma, é germe que faz a palma,

é chuva que faz o mar".

 

AFINIDADE (Artur da Távola)

A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos.
E o mais independente.
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,
as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro
retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto
no exato ponto em que foi interrompido.


Afinidade é não haver tempo mediando a vida.
É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo para o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.


Ter afinidade é muito raro.
Mas quando existe não precisa de códigos
verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento,
irradia durante e permanece depois que
as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar
a um não afim, sai simples e claro diante
de alguém com quem você tem afinidade.


Afinidade é ficar longe pensando parecido a
respeito dos mesmos fatos que impressionam comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento


Afinidade é sentir com. Nem sentir contra,
nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente,
mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado,
não para eles próprios.


Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou, quando falar,
jamais explicar: apenas afirmar.


Afinidade é jamais sentir por.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.


Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.
É conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas,
quanto das impossibilidades vividas.


Afinidade é retomar a relação no ponto em que
parou sem lamentar o tempo de separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida,
para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser,
cada vez mais a expressão do outro sob a
forma ampliada do eu individual aprimorado.

RÉU DO AMOR (J.G.de Araújo Jorge)

Sou réu de amor! Confesso o meu pecado
Porém não me arrependo desse crime,
Que amar alguém e ser também amado
É o crime mais gostoso e mais sublime!

A confissão por certo não redime
A quem quer continuar a ser culpado,
E se eu for, por acaso, condenado,
Não há razão para que desanime.

Pelo contrário. Altivo, embora fique
Meu coração partido em mil pedaços,
Eu quero que a justiça se pratique...

Sou réu de amor, e julgo-me indefeso!
Pela justiça, entrego-me a teus braços:
Eternamente quero ficar preso...

sábado, 15 de janeiro de 2011

DIVINA MÚSICA (Gibran)

Divina Música!

Filha da Alma e do Amor.
Cálice da amargura
E do Amor.
Sonho do coração humano,
Fruto da tristeza.
Flor da alegria, fragrância
E desabrochar dos sentimentos.
Linguagem dos amantes,
Confidenciadora de segredos.
Mãe das lágrimas do amor oculto.
Inspiradora de poetas, de compositores
E dos grandes realizadores.
Unidade de pensamento dentro dos fragmentos
Das palavras.
Criadora do amor que se origina da beleza.
Vinho do coração
Que exulta num mundo de sonhos.
Encorajadora dos guerreiros,
Fortalecedora das almas.
Oceano de perdão e mar de ternura.
Ó música.
Em tuas profundezas
Depositamos nossos corações e almas.
Tu nos ensinaste a ver com os ouvidos
E a ouvir com os corações.

Gibran

"A DANÇA" (Pablu Neruda)


Não te amo como se fosses uma rosa ou um topázio
Ou a flecha de cravos, que o fogo lança.
Amo-te como certas coisas escuras devem ser amadas,
Em segredo, entre a sombra e a alma.
Amo-te como a planta que não floresce e carrega,
Escondida dentro de si, a luz de todas as flores.
E, graças ao teu amor, escura no meu corpo
Vive a densa fragrância que cresce da terra.
Amo-te sem saber como ou quando ou de onde.
Amo-te tal como és, sem complexos nem orgulhos.
Amo-te assim porque não sei outro caminho além deste
Onde não existo eu nem tu.
Tão perto que a tua mão no meu peito é a minha mão.
Tão perto que, quando fechas os olhos, adormeço.

TALVEZ (Aristóteles Onassis)



Talvez eu venha a envelhecer rápido demais.
Mas lutarei para que cada dia
tenha valido a pena.
Talvez eu sofra inúmeras desilusões...
Mas farei com que elas percam a importância
diante dos gestos de amor que encontrei.




Talvez eu não tenha forças
para realizar todos os meus ideais.
Mas jamais irei me considerar um derrotado.
Talvez em algum instante
eu sofra uma terrível queda.
Mas não ficarei por muito tempo
olhando para o chão...




Talvez um dia o sol deixe de brilhar.
Então, irei me banhar na chuva.
Talvez um dia eu sofra alguma injustiça.
Mas jamais irei assumir o papel de vítima.
Talvez eu tenha que enfrentar alguns inimigos.
Mas terei humildade para aceitar
as mãos que se estenderão em minha direção.




Talvez eu seja enganado inúmeras vezes.
Mas não deixarei de acreditar
que em algum lugar alguém
merece a minha confiança.
Talvez com o tempo eu perceba
que cometi grandes erros.
Mas não desistirei de continuar
trilhando meu caminho.




Talvez com o decorrer dos anos
eu perca grandes amizades.
Mas irei aprender que aqueles que realmente
são meus verdadeiros amigos nunca estarão perdidos.
Talvez eu fique triste ao concluir
que não consigo seguir o ritmo da música.
Mas então, farei com que a música
siga o compasso dos meus passos.




Talvez eu não consiga mais enxergar um arco-íris.
Mas aprenderei a desenhar um,
nem que seja dentro do meu coração.
Talvez hoje eu me sinta fraco.
Mas amanhã irei recomeçar,
nem que seja de uma maneira diferente.




Talvez eu não aprenda todas as lições necessárias.
Mas terei a consciência que
os verdadeiros ensinamentos
já estão gravados em minha alma.
Talvez eu não tenha motivos
para grandes comemorações.
Mas não deixarei de me alegrar
com as pequenas conquistas.




Talvez eu não seja exatamente
quem gostaria de ser.
Mas passarei a admirar quem sou.
Porque no final saberei que,
mesmo com incontáveis dúvidas,
eu sou capaz de construir uma vida melhor.




E, se ainda não me convenci disso,
é porque como diz aquele ditado:
"Ainda não chegou o fim“
Porque no final,
não haverá nenhum "talvez",
mas a certeza de que a minha vida
valeu a pena e eu fiz o melhor que podia.

ÂNFORA (Lilian Heinhardt)

Guarda o teu perfume
o teu bálsamo
o teu peso a tua leveza
que sob a escuridão
sob o lodo fértil do Nilo
Lótus é brancura
Embalsama os teus lírios de pó
aquele que realmente te busca
e guarda sob o cristal dos olhos
no invólucro do tempo
o afago e a adaga
do arco-íris que te sangra
Desnuda-te aquele que te vê
e somente comunga com teus altares
e não te supõe em vis mares
porque conhece teus desejos
e sabe que nunca assaltaram a aurora
Revela-te a quem te quer em silêncio
e entre as acácias douradas
te suplica
a flor dos teus seios de argila
És serva a tua pena
é de MAAT!

 Deusa Maat e a pena da Justiça e da Verdade

(Viva de maneira tal que teu coração nunca pese mais que a pena da Justiça e da Verdade)

VERSOS ÍNTIMOS (AUGUSTO DOS ANJOS)

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua quimera.
Somente a Ingratidão – essa pantera -
Foi  tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

AMOR MADURO (Artur da Távola)


O amor maduro não é menor em intensidade.
Ele é apenas silencioso.
Não é menor em extensão.
É mais definido, colorido e poetizado.
Não carece de demonstrações:
presenteia com a verdade do sentimento.
Não precisa de presenças exigidas:
amplia-se com as ausências significantes.

O amor maduro tem e quer problemas, sim, como tudo.
Mas vive dos problemas da felicidade.
Problemas da felicidade são formas trabalhosas de construir o bem e o prazer.
 Problemas da infelicidade não interessam ao amor maduro.
Na felicidade está o encontro de peles,
o ficar com o gosto da boca e do cheiro,
está a compreensão antecipada,
a adivinhação,
o presente de valor interior,
a emoção vivida em conjunto,
os discursos silenciosos da percepção,
o prazer de conviver,
o equilibrio de carne e de espírito.

O amor maduro é a valorização do melhor do outro
e a relação com a parte salva de cada pessoa.
Ele vive do que não morreu
mesmo tendo ficado para depois.
 Vive do que fermentou
criando dimensões novas para sentimentos antigos,
jardins abandonados, cheios de sementes.

Ele não pede... tem.
 Não reivindica... consegue.
Não percebe... recebe.
Não exige... dá.
pergunta... adivinha.
Existe para fazer feliz.

O amor maduro cresce na verdade
e se esconde a cada auto-ilusão.
Basta-se com o todo do pouco.
Não precisa e nem quer nada do muito.
Está relacionado com a vida e sua incompletude,
por isso é pleno em cada ninharia
por ele transformada em paraíso.

É feito de compreensão, música e mistério.
É a forma sublime de ser adulto
e a forma adulta de ser sublime e criança.

É o sol de outono
nítido mas doce...,
luminoso, sem ofuscar...,
mas definido...,
discreto mas certo.

Um Sol que aquece até queimar.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A FÚRIA DA NATUREZA (Marta Tereza)

Em todos os cantos da face da terra
A natureza tem lançado sua ira contra a humanidade.
Invade espaços
Ocupa lugares
Irreverente, arrasta tudo que encontra em seu caminho.
Castiga o homem.
Nem os da sua espécie escapam da sua fúria.
Nada a detém.
Não poupa nada, nem ninguém.
Implacável,
Atira água, deixa lama;
Lança fogo, deixa cinza;
Derrete o gelo, desmonta a terra,
Ora frio, ora vento, ora seca.
O sofrimento se alastra
Mas, a Senhora do tempo não se abala...
Segue altiva; e
Impassível com mão de ferro, sem olhar para trás.
O homem, no comando da terra, assiste a tudo perplexo.
Contemplativo...
O seu poder, de debelar a força da natureza, foge.
Criatura amada insinua-se com silhueta magestosa... poderosa.
Mas, impiedosa.
Força bruta
Não se curva.
O que era belo aos olhos do homem deixou de sê-lo.
Ao que fica resta, apenas, fazer o inventário do caos.
Juntar o que sobrou no lamento da sua impotência.


Minha solidariedade às vítimas das trajédias do Rio de Janeiro e São Paulo

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

VOCÊ ME AFAGA (Marta Tereza Araújo)





VOCÊ ME AFAGA COM O SEU OLHAR
COM AS SUAS MÃOS
COM O SEU BEIJO
COM A SUA ELEGÂNCIA


VOCÊ ME AFAGA COM O SEU ABRAÇO
COM A SUA FALA
COM O SEU SORRISO
COM O SEU CORAÇÃO


VOCÊ ME AFAGA COM A SUA CUMPLICIDADE
NOS MEUS PENSAMENTOS
NO MEU SONO
NOS MEUS SONHOS


VOCÊ ME AFAGA COM A SUA AMIZADE
COM A SUA PRESENÇA
E, ATÉ MESMO, COM A SUA AUSÊNCIA
AFAGA COM O SEU SIM E COM O SEU NÃO


VOCÊ ME AFAGA COM O SEU JEITO
COM A SUA ALEGRIA
COM A SUA TRISTEZA
COM A SUA FÉ


VOCÊ ME AFAGA COM A SUA LUZ
COM A SUA PAZ
COM O SEU CARINHO
NA MAGIA DO SEU AMOR
(18/10/2010)

PAUSA (Marta Tereza)


O TEMPO DE LONGE
O TEMPO DE PERTO
O TEMPO DA MÚSICA
O TEMPO DA CHUVA
O TEMPO DA SECA
O TEMPO DA COLHEITA
O TEMPO DA VIDA
O MUNDO GIRANDO
SEM VELOCIDADE PERCEBIDA
ENQUANTO SE PENSA,
O QUE FAZER DA VIDA?
18/10/2010

COM O SEU ABRAÇO (Marta Tereza Araújo


Com o seu abraço,
Os nossos corações se uniram
Os nossos sentimentos se juntaram
As nossas vidas se envolveram
As nossas forças aumentaram
As nossas tristezas se dissiparam; e
As nossas alegrias contagiaram
Os nossos sonhos floresceram
As nossas esperanças cresceram
As nossas preces foram ouvidas; e
O nosso amor fortaleceu; e
Você ficou comigo
Com o seu abraço
A mais pura e singela
Expressão de amor.

A SOLIDÃO QUE IMPERA (Marta Tereza Araújo)



A solidão que impera não é a sentida pela ausência de pessoas, nem a que se insinua das decepção, muito menos a causada pelo medo, nem a sentida pela angústia, ou aquela acalentada pelo silêncio, que poderia ser debelada quando cessados os motivos de sua causa.

A solidão que impera é aquela que se projeta como um espectro em dada circunstância da vida e não pode ser banida por nada, nem por ninguém.

A solidão que impera jamais será compartilhada, porque é companheira exclusiva e absoluta.

A solidão que impera não permite partilhar seus momentos com a presa eleita. Ela é implacável em não dividir seu espaço com outros.

A solidão que impera não atenua nem aplaca o sofrimento do seu cativo. Para ela não importa que seu escravo  esteja cercado de pessoas, de carinho, de atenção ou de cuidados. Não há como trocar de lugar com outrem ... 

Certo é que o seu candidato arcará sozinho com os ruídos da sua presença. Dos seus movimentos não há como se livrar.

A solidão que impera é companhia obstinada para encontro marcado em dados momentos da vida, desde o nascimento até a morte.

Onde encontrar a solidão que impera?

A solidão que impera far-se-á presente: nos momentos de dor física e espiritual, nos sofrimentos do corpo e da alma, na ausência do sono e dos sonhos, na companhia dos pesadelos, espreitando as tomadas de decisões, ela está hora da morte.

Nestes momentos de individualidade absoluta não há como impedir ou afastar esta presença indesejada.
A sua medida e seu tempo destinam-se somente para o seu predileto. Não é extensiva a mais ninguém.

Muitos já assistiram ou sentiram momentos da solidão que impera. Porém, há quem sequer tem consciência de já ter estado de braços dados com ela em algum momento da vida; ou, ainda, pensar em que ocasião se verá abrigado sob seu manto.

O AMOR QUE TRANSCENDE (Marta Tereza Araújo)



 
O AMOR QUE TRANSCENDE
A INVEJA
O CIÚME
A ADVERSIDADE
O EGOÍSMO
A AUSÊNCIA
O SEXO

O AMOR QUE TRANSCENDE
A TRISTEZA
O SOFRIMENTO
A SAUDADE
O ABANDONO
A DISTÂNCIA
O SILÊNCIO

O AMOR QUE TRANSCENDE
A SOLIDÃO
O MEDO
A INCERTEZA
O IMPOSSÍVEL!


ALMA LUZ (Clarice Lispector)



MINHA ALMA TEM O PESO DA LUZ
TEM O PESO DA MÚSICA
TEM O PESO DA PALAVRA NUNCA DITA,
PRESTES QUEM SABE A SER DITA
TEM O PESO DE UMA LEMBRANÇA
TEM O PESO DE UMA SAUDADE
TEM O PESO DE UM OLHAR
PESA COMO PESA UMA AUSÊNCIA
E A LÁGRIMA QUE NÃO CHOROU
TEM O IMATERIAL PESO DE UMA SOLIDÃO
NO MEIO DE OUTROS
 

CLARICE LISPECTOR   

ORAÇÃO DE ANO NOVO




ORAÇÃO DE ANO NOVO


Senhor Deus, dono do tempo e da eternidade,
teu é o hoje e o amanhã, o passado e o futuro.
Ao acabar mais um ano, quero te dizer obrigado
por tudo aquilo que recebi de Ti.
Obrigado pela vida e pelo amor, pelas flores, pelo ar
e pelo sol, pela alegria e pela dor,
pelo que é possível e pelo que não foi.
Ofereço-te tudo o que fiz neste ano, o trabalho
que pude realizar, as coisas que passaram pelas minhas mãos
e o que com elas pude construir.
Apresento-te as pessoas que ao longo destes meses amei,
as amizades novas e os antigos amores,
os que estão perto de mim e os que estão mais longe,
os que me deram sua mão e aqueles que pude ajudar,
os com quem compartilhei a vida, o trabalho, a dor e a alegria.
Mas também, Senhor, hoje quero Te pedir perdão.
Perdão pelo tempo perdido, pelo dinheiro mal gasto,
pela palavra inútil e o amor desperdiçado.
Perdão pelas obras vazias e pelo trabalho mal feito,
perdão por viver sem entusiasmo.
Também pela oração que aos poucos fui adiando
e que agora venho apresentar-te, por todos meus olvidos,
descuidos e silêncios, novamente te peço perdão.
Nos próximos dias começaremos um novo ano. Paro
a minha vida diante do novo calendário que ainda não se iniciou
e Te apresento estes dias,
que somente Tu sabes se chegarei a vivê-los.
Hoje, Te peço para mim, meus parentes e amigos, a paz e a alegria,
a fortaleza e a prudência, a lucidez e a sabedoria.
Quero viver cada dia com otimismo e bondade,
levando a toda parte um coração cheio de compreensão e paz.
Fecha meus ouvidos a toda falsidade e meus lábios a palavras
mentirosas, egoístas ou que magoem.
Abre, sim, meu ser a tudo o que é bom.
Que meu espírito seja repleto somente de bênçãos
para que as derrame por onde eu passar.
Senhor, a meus amigos que lêem esta mensagem,
enche-os de sabedoria, paz e amor. E que nossa amizade dure
para sempre em nossos corações.
Enche-me, também, de bondade e alegria, para que
todas as pessoas que eu encontrar no meu caminho
possam descobrir em mim um pouquinho de Ti.
Dá-nos um ano feliz, e ensina-nos a repartir felicidade.
Amém.

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